Colocar no papel o que sinto,
Dá-me a impressão de estar na foz de um rio,
Sentindo toda a abundância
E veemência da água que jorra;
Assim também é a força e a exposição das palavras,
Como se apresentam no momento da inspiração;
Fazendo-me crer,
Que se não as escrevo,
Logo as esqueço.
Os sentimentos tornam-se palavras,
Que serão ou não compreendidas;
Porém a desenvoltura e a expressão de quem as escreve,
Podem induzir quem as lê a tantos outros sentidos,
Que não aqueles almejados.
Descrever o que se sente
Pode ser também uma armadilha para quem o faz;
Existem sentimentos
Que não são compatíveis com as palavras,
E corre-se o risco de deixar no ar,
Um vazio incompreensível.
Devo ter sempre o domínio consciente
Do que realmente sinto,
E uma avaliação minuciosa do que escrevo;
Pois sei que palavras podem ser ditas
E levadas ao vento,
No entanto,
As escritas e os sentimentos não.